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domingo, 5 de outubro de 2014

26 de setembro: dia nacional do surdo marcado com evento no CEIN

Olá Leitores e visitantes do LLM,
Essa semana meu grupo, formado por Joelma, Darlane  e  eu (Ruth) ficamos responsáveis para fazermos as postagens e viemos  falar sobre o Setembro Azul. Na segunda-feira o pessoal da sala multifuncional do ( Colégio Estadual Idalice Nunes) e os outros profissionais que trabalham com os surdos na nossa escola, as interpretes, a professora Maria Eunice, Ana Maria e Joilce Fernandes, organizaram, juntos com os alunos surdos, uma comemoração do dia nacional dos surdos, que é no dia 26 de setembro.
Parabéns a todos os que atuam na sala multifuncional, às interpretes e aos alunos com D.A! Lindo evento!
A programação aconteceu nos três turnos : Matutino, Vespertino e Noturno. Com todos os alunos da escola e o objetivo era justamente chamar a atenção dos alunos do CEIN em relação às datas importantes para a comunidade surda, explicar o porquê da importância das mesmas e informar um pouco a respeito da cultura surda e da língua de sinais e ao final da programação de cada turno foram distribuídas as fitinhas, que é o símbolo do “ser surdo”. A fita azul simboliza os surdos de todo Brasil.  
Essas fitinhas  são distribuídas no mês de setembro justamente pra divulgar esse movimento surdo e a cultura surda.
Durante o evento teve a apresentação de teatro e do hino nacional em língua de sinais, uma exposição a respeito da importância do setembro azul, por ser o mês que os surdos escolheram para divulgar e lutar pelos direitos em prol da cultura surda. Seguido do esclarecimento a respeito do trabalho que é desenvolvido aqui no CEIN com a comunidade surda.
Então basicamente foi isso que aconteceu nos três turnos, com a mesma programação para que todos alunos tivessem a oportunidade de assistir e conhecer esse trabalho tão importante que vem sendo feito junto à comunidade surda da nossa região e que vocês conhecerão maiores detalhes na entrevista  que fizemos com a professora Joilce Fernandes aqui abaixo:

LLM: Quando e como surgiu a ideia de ensinar  A Lingua Brasileira de Sinais no Idalice?

Joilce: Bom! O trabalho com surdos aqui no CEIN quem iniciou foi  a professora Maria Eunice Sampaio Guerra no ano de 1992, hoje ela mora em Santo Estevão,   essa turma funcionava na APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais), só que houve uma reformulação no estatuto da APAE.
Então a mesma passou a atender só alunos com déficit intelectual e outras síndromes e com isso não atendia mais os alunos com surdez e os mesmo foram transferido para o Idalice Nunes em 96 ou 97 , não tenho precisão da data exata.
Em 97 quando eu comecei a trabalhar aqui estava dando inicio esse trabalho com a língua de sinais mas ainda não tinha muito material para se trabalhar, nos tínhamos só um livro que a professora Maria Eunice recebeu de uma amiga em Belo Horizonte, é um livro utilizado pelo pessoal das Testemunha de Jeová, eles distribuíam esse livro que tinha sinais utilizado pelos surdos, então a gente começou a utilizá-lo como base . 
E a partir de então, em 98, foi que intensificou a difusão da língua de sinais, porque teve cursos oferecidos pela secretaria de educação em Salvador para nós professores. Então, a gente concluía o curso voltava e ensinava aos alunos. E com a fundação da APADA (Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos ), também no ano de  98, tivemos contato com outros profissionais que trabalhavam com a língua de sinais com os surdos .

 LLM: Que dificuldades vocês encontraram no início? O que mudou desde então?

Joilce: A dificuldade maior com relação ao ensino de libras era justamente que no inicio não tínhamos muito material disponível o material era pouco e os alunos também não tinha noção do que era a língua de sinais. Eles não utilizava como uma língua, eles achavam que era como se fosse alguns sinais para poder facilitar a sobrevivência entre eles, mas alguns tinham até vergonha de utilizar a língua de sinais em publico.
Então agente sentia essa dificuldade em fazê-los entender a importância da língua de sinais.  Outra dificuldade que pesava  muito mais antes, mas que continua a existir é a falta de  participação da família no cotidiano dos nossos alunos surdos, pois a maior parte das família dos surdos não sabem língua de sinais e sim alguns gestos caseiros, não por falta de disponibilização de cursos que os ajudem, pois aqui na escola estamos sempre disponibilizando cursos básicos para ajudá-las nesse sentido, mas pela falta de consciência mesmo de que essa é uma atitude  que influenciará na melhora do padrão de vida dos seus filhos.

LLM: O que você imagina que poderia ser feito por parte da comunidade CEIN para ajudar no trabalho que vocês desenvolvem aqui na escola?

Joilce: Creio que poderiam ser feitos mais momentos de sensibilização, apesar de já acontecerem alguns, com a comunidade escolar para buscarem formas eficazes de interação com a comunidade surda que aqui esta inclusa, ou seja, deve haver mais momentos de sensibilização, porque conscientizar agente não conscientiza ninguém. Essa sensibilização seria para que toda a comunidade tivesse vontade de aprender a língua de sinas justamente para poder ter contato direto com os surdos que estão incluídos no ensino regular. 
Outra atitude que seria de grande colaboração para os alunos surdos tem a ver com o pensar em todas as atividades da escola desde as aulas em sala de aula até os eventos comemorativos como sendo possível adequar as atividades para que eles pudessem participar com autonomia e não sob a dependência de uma interprete. 
É um processo que demanda um pouco de empenho por parte de todos os envolvidos no sistema educacional, mas que é  possível, sim!

LLM: Qual é o grande beneficio que vocês percebem em relação ao trabalho que desenvolvem com a comunidade surda no Idalice?

Joilce: Pelo que nós observamos o maior beneficio é a autonomia que nossos alunos estão adquirindo com o passar do tempo, o crescimento tanto intelectual, quanto como pessoa e como cidadão.
Hoje temos vários alunos que há pouco tempo eram muito dependentes, não tinham  participação  nas atividades escolares ou mesmo naquelas voltadas à comunidade surda e hoje já é possível vê-los atuando em setores públicos, estão mas independente, buscando pelos seus direitos.
Então, o maior ganho é observar o quanto eles estão crescendo enquanto pessoas integradas ao convívio social, ampliando o conhecimento, buscando interação e ganhando em qualidade de vida.

LLM: Queremos agradecer pelo tempo a nós cedido e parabenizar a toda a equipe que atua aqui na nossa escola para fazer valer o direito de inclusão da comunidade surda. Tomara que os progressos continuem a acontecer!

Joilce: Nós é que agradecemos! E a sala multifuncional estará sempre de portas abertas aos que quiserem acompanhar e participar dos nosso trabalhos aqui no Idalice Nunes!

Pessoal esperamos que tenham gostado do conteúdo de nossa postagem! Temos aqui o registro de alguns desses momentos. Apreciem e façam seus comentários sobre o que leram e viram!
Nossa equipe agradece!

10 comentários:

  1. Excelente trabalho meninas, parabéns por lembrar o trabalho realizado em homenagem aos surdos no CEIN, e a importância do mesmo. A entrevista ficou ótima! Parabéns(:

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    1. Obrigada Páh! Ficamos feliz que tenha gostado! Eles merecem,embora com algumas dificuldades estão sempre buscando pelo melhor! Isso é orgulhoso para o nosso CEIN! :)

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Parabens meninas o trabalho de vcs ficaram otimo

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  4. Oi galerinha LLM e amigos!
    Uma das coisas que mais me chamou a atenção em meados de 97, quando cheguei ao Idalice foi o fato de encontrar alunos surdos inclusos e frequentando as aulas nas turmas do Ensino Fundamental II. Dois fatos que considerei incríveis: o de tê-los em sala conosco e o de reencontrar Elizangela, que havia sido minha aluna há anos no Ensino Fundamental em uma das escolas municipais de Guanambi atuando como interprete aliás, a única do vespertino.
    O trabalho que é desenvolvido pelos professores e colaboradores na sala multifuncional do Idalice Nunes é muito significativo não só para a nossa comunidade surda, mas para todos os alunos que apresentam déficits de aprendizagem, inclusive esse deve ser um trabalho melhor aproveitado por toda a comunidade escolar que dele tiver necessidade, pois os benefícios transcendem o espaço escolar...
    Quanto ao trabalho que é desenvolvido com a nossa comunidade surda por parte das professoras Joilce, Ana Maria e Maria Eunice, auxiliadas pelas interpretes em cada sala de aula em que ela esteja representada é um trabalho notável, tanto em esforço como em resultados, pois a maior parte desses alunos são muito atuantes nas atividades do cotidiano escolar com resultados, muitas vezes, superiores aos dos alunos ouvintes e como a professora Joilce bem frisou eles estão cada vez mais conseguindo autonomia cidadã.
    Parabéns à comunidade surda por estar em busca dos seus direitos e a todos os envolvidos neste belíssimo evento!
    P.S: Parabéns Ruth, Joelma e Darlane pelo conteúdo e o boa apresentação da postagem! <3

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  5. Parabéns meninas. Excelente reportagem. Percebo que vocês estão cada dia mais "antenadas" com o que está acontecendo de mais importante em nossa escola. Este espaço está se tornando um grande canal de informação e divulgação das atividades realizadas no Idalice Nunes. Creio que esta matéria deveria ser incluída na revista que publicaremos no final do ano. O que vocês acham?

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    1. Ótima ideia Ronaldo, pois é um dos fatos que fazem parte do desenvolvimento do nosso CEIN.

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  6. Teve a palestra no noturno, achei muito interessante.

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  7. Verdade Lucas! Foram nos três turnos. Infelizmente não tive a oportunidade de assistir, :/ pois estava fazendo uma atividade avaliativa!
    Mas enfim, o CEIN em massa, estava comentando muito bem da atuação dessa galera! Eles foram brilhantes!

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